Tenho experiência de alguns anos desenvolvendo mecanismos de busca, 6 anos para ser mais exato. Dentre todos os que tive a oportunidade de desenvolver, os mecanismos de busca na web são os meus favoritos, sendo que atualmente sou responsável por 3 deles em funcionamento: Busca Acelerada, SóFamosos e BuildIn, cada qual com um segmento diferente mas todos com um mesmo desafio: serem encontrados na Internet através do Google.
Quando o assunto é visibilidade na web, estar nas primeiras posições do Google é essencial. Recentemente escrevi um post sobre como criar mecanismos de busca, mas de nada adianta você criar o buscador mais incrível do mundo se ninguém usá-lo, não é mesmo? E para quem está ingressando nesse meio, não tem nada mais complicado de encontrar informações na Internet do que SEO (otimização para mecanismos de busca) específico para sites de busca. Os desafios nesse segmento são diferentes dos sites de conteúdo tradicionais, aqui o conteúdo não é autoral, vem de outras fontes, e é a organização e categorização desse conteúdo que gera o diferencial do site, mas isso é extremamente desafiador de “passar” ao GoogleBot.
Minha ideia com este post é descrever todas as técnicas que conheço e mais importante: que usei, em meus anos trabalhando à frente de mecanismos de busca. Quero criar um post épico sobre este assunto, então novidades devem surgir em breve neste post, conforme avanço em meus projetos e experimentos.
Primeiro passo: Ferramentas
O primeiro passo quando o assunto é SEO é instalar as ferramentas certas. Isso independe se seu site é um buscador ou não. Se eu pudesse escolher apenas duas ferramentas para usar, com certeza seriam o Google Analytics e o Google Webmaster Tools. Cadastre-se nas plataformas e instale o script deles em seu site. Em cerca de 24h já terá muitas informações úteis sobre seus visitantes e sobre como o Google está indexando seu site, respectivamente.
Além destas duas ferramentas, se planeja instalar outras, sugiro usar o Google Tag Manager, um serviço do Google que permite facilmente adicionar e remover scripts de ferramentas sem ter de mexer no código do seu site.
Segundo passo: Conteúdo
Existem um ditado na Internet com relação à SEO que diz: Content is King. E é verdade. O que me atrai em criar mecanismos de busca é o fato de que não preciso criar conteúdo, mas sim trabalhar com conteúdo já existente e, dependendo do nicho do seu buscador, em volumes absurdamente grandes e desafiadores. A recompensa? Bons buscadores geralmente funcionam de maneira automática e podem se tornar uma boa fonte de renda.
No entanto, como mencionei na introdução deste post, o Google não gosta tanto assim de outros buscadores. Por vezes ele os considera redundantes ou superficiais, páginas desnecessárias em uma web que já conta com o Google para encontrar tudo o que existe online. Se você não criar algum diferencial de conteúdo, se tornará irrelevante para o Google e consequentemente para os usuários. Mas como fazer isso? Vou dar algumas dicas.
O foco de todo buscador é a SRP, ou Search Result Page. É nela que seus esforços de SEO onpage devem se concentrar, mais especificamente no topo dela, em uma área chamada “above the fold”, como mostra a imagem abaixo.
O conteúdo mais importante deve estar no topo da página (above the fold), antes do primeiro anúncio, da primeira propaganda. De preferência um conteúdo inédito, exclusivo do seu site. Obviamente um site de busca não terá (embora deveria) ter alguém escrevendo conteúdo inédito, mas com um pouco de criatividade podemos criar conteúdo inédito apenas trabalhando em cima das informações que já temos. Por exemplo, no Busca Acelerada eu coloco um resumo dos resultados no topo da página: título da pesquisa, foto de um anúncio, preço mínimo e máximo, etc. No SóFamosos, planejo colocar um resumo da celebridade que está sendo pesquisada, com sua data de nascimento, pequena bio, profissão e uma foto, por exemplo. Seja criativo e trabalhe com o que já tem.
Além disso, conforme já mencionei em um post anterior, sites mais rápidos geram mais dinheiro e toda a página de resultados (e qualquer outra de seu site) deveria carregar em até 2 segundos. Foque nessa métrica, vale a pena para o Google, para seus usuários e, consequentemente, para você.
Terceiro passo: Imagens
Dica curta e rápida: todas, absolutamente todas imagens na sua página de resultados devem ter os atributos alt e title condizente com o conteúdo delas. De preferência um alt e um title criado por você, para tornar aquela imagem “inédita”.
Isso não vai afetar o SEO da pesquisa comum do Google, mas vai aumentar as suas chances de ser encontrado pela pesquisa de imagens, o que pode lhe trazer mais visitas. Note que essa tática funciona mesmo que você não salve as imagens em seu servidor e linke as originais.
Quarto passo: Links
Muito se especula sobre os links de seu site. Não vou entrar aqui em discussões ou sequer vou falar de “juice”, “farms”, “link building” ou qualquer outra buzzword de SEO que tantos especialistas falam por aí, afinal, eu não sou um especialista. Baseado nas centenas de milhares de visitas que recebo todos os meses, coloco abaixo como EU trato os links dos meus buscadores. Sinta-se à vontade de usar as dicas ou não.
Todos os links do seu site devem começar com “http://www.”, devem ser escritos apenas com letras minúsculas e com ‘-‘ (hífem) como separador de palavras, sem espaços e sem qualquer acento, o que eu chamo de normalização de URL. Se possível, sem qualquer querystring também, usando sempre URLs amigáveis.
Como não temos como garantir como o GoogleBot vai indexar nosso site e a vida é uma caixinha de surpresas, simplesmente adicione em todas as páginas a Canonical Tag no head, informando a URL “correta” (normalizada) dessa página, como no exemplo abaixo:
1 2 3 |
<link rel="canonical" href="url-canonica.html" /> |
Embora eu não queira entrar em detalhes, basicamente a Canonical Tag diz ao Google que a página que ele está visitando no momento, é exatamente a mesma que a da URL canônica informada. Isso é especialmente útil para evitar que ele ache que você tem conteúdo duplicado propositalmente no site (a mesma página, se estiver linkada com maiúsculas e minúsculas em lugares diferentes é considerada mais de uma), o que gera penalidades no rank.
Quinto passo: Microformats e Rich Snippets
O Google é muito bom em entender sozinho do que se trata a sua página. No entanto, ele costuma favorecer quem entrega esta informação de “mão beijada” para ele, usando Microformats e Rich Snippets. Os dois são protocolos concorrentes mas com o mesmo objetivo: categorizar a informação da sua página de maneira mais fácil pros buscadores entenderem. Minha sugestão: acesse Schema.org.
No referido site existem muitos tipos diferentes de meta-dados a serem inseridos nas tags da sua página de resultados. Particularmente no Busca Acelerada eu uso dois: Product (produto) e Offer (oferta). O schema Product dá as regras para taguear a informação de um produto, como nome, descrição, imagem, preço mínimo e máximo, etc. Enquanto isso, o schema Offer dá as regras para taguear a informação de uma oferta do produto em questão, como o título da oferta, imagem, preço dela, etc.
No SóFamosos pretendo usar o schema Person (pessoa), que tem tudo a ver com o foco do site: celebridades. Além destes três que mencionei existem diversos outros no site como Organization, Place, Business, Event e por aí vai. Além disso existe outro formato muito bacana que é o de Review ou AggregateRating, que permitem que você coloque uma forma de seus usuários darem uma nota de 1 a 5 para o seu site e usar essa nota como um chamariz no Google, aumentando a sua visibilidade.
Para quem não quiser mexer em seu HTML, embora eu afirme que vale a pena, o Google Webmaster Tools, ferramenta que falei no primeiro passo, tem um editor visual que lhe ajude a dizer ao Google como seus dados estão estruturados.
Sexto passo: Títulos e Meta Tags
Eu sei, isso é importante pra caramba e acabei deixando para o sexto passo. O motivo é simples: isso é o básico do básico, e a maioria das pessoas que trabalham com web há algum tempo já devem saber. De qualquer formato coloco aqui essas dicas essenciais para SEO onpage, seja em sites de busca ou não.
Primeiro, o head das suas páginas.
A tag title, a meta-tag description e a meta-tag keywords de todas as suas páginas devem ser únicas e relevantes ao conteúdo delas. Ponto. A menos que você usa microformats (como comentado no tópico anterior) a sua description é o que será usada na listagem do Google, nas duas linhas a que você tem direito. E o title, bem o title é o título garrafal que aparece na listagem do Google também, sendo até mais importante que a description.
Segundo, o body das suas páginas.
Todas páginas devem respeitar a hierarquia de títulos H1 para a headline, H2 para a sub-headline e H3 para os tópicos. Mais que isso eu já acho preciosismo. Outros itens ou palavras que julgar importante, use a tag strong para reforçar com o bom e velho negrito.
Sétimo passo: Paginação
Talvez este seja o ponto mais complexo e controverso em SEO, principalmente para SRPs. Primeiro, vou colocar o que o Google sugere que você faça e que eu não faço, por uma questão muito prática: não se aplica para sites de busca que tenham muitos resultados para os termos pesquisados.
“Você deve criar uma página no seu site contendo TODOS os resultados para a busca que o usuário fez e que o GoogleBot vai indexar. Todas as páginas do seu resultado de pesquisa devem referenciar essa página, chamada de view-all, em sua Canonical Tag (conforme vimos no quarto passo). Assim, o GoogleBot vai considerar a página view-all como sendo a página a ser indexada e listada em seus resultados de pesquisa, jamais as páginas da pesquisa.”
Ok, a documentação não fala com essas palavras, mas é basicamente isso. Certas pesquisas no Busca Acelerada retornam dezenas de milhares de resultados, simplesmente não tem como eu fazer uma página view-all para o Google indexar. Sendo assim, listo abaixo a estratégia que eu uso em meus buscadores para lidar com o problema de indexação da paginação e conteúdo repetido.
Primeiro, coloque o atributo rel=”noindex,nofollow” em todos os links da paginação, exceto a primeira página, o que vai impedir o GoogleBot de acessar as demais páginas exceto a primeira (ela vai ser a nossa página principal).
Segundo, Coloque a meta tag link com atributo rel=”prev” no head apontando para a página anterior (URL canônica da página anteruor) em todas páginas após a primeira. Coloque a tag link com atributo rel=”next” no head apontando para a próxima página (URL canônica) em todas páginas exceto a última. Exemplo de página 2 de um resultado do Busca Acelerada:
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<link rel="prev" href="http://www.buscaacelerada.com.br/carro/gol?pagina=1" /> <link rel="next" href="http://www.buscaacelerada.com.br/carro/gol?pagina=3" /> |
Além disso, coloque a Canonical Tag no head, sempre informando a URL raiz, da primeira página, conforme mencionado no passo 4. Não fazer isso implica no Google indexar cada uma das páginas do resultado da sua pesquisa como sendo uma página diferente do seu site, o que geralmente leva a mais problemas (como conteúdo duplicado) do que benefícios.
Oitavo passo: Sitemap e Robots
A boa indexação do seu site é vital para seu bom rankeamento no Google. Qual a melhor maneira do Google saber todas as páginas que existem no seu site? Através de um sitemap. Muitos desenvolvedores menosprezam este item achando que o GoogleBot vai dar conta de descobrir cada “buraco” que eles criaram, cada página escondida que eles acham que está visível e por aí vai. Não caia nessa armadilha, trabalhe com atenção nos eu sitemap.
Basicamente tem dois tipos de sitemap, sendo que geralmente as pessoas fazem apenas um: o sitemap XML. O sitemap XML é um documento…XML, que lista todas as URLs do seu site que você deseja que sejam indexadas. No entanto, temos um problema quando temos muitos links para indexar, como no caso de um mecanismo de busca. Como indexar todas as URLs se nem sabemos todas as combinações possíveis? Além disso, mesmo com o recurso de índices de sitemap, onde podemos criar um sitemap de sitemaps, pode ser um transtorno bem grande manter esses arquivos atualizados. Como resolver esse problema?
Primeiro, continue criando o seu sitemap.xml. Foque em colocar nele suas páginas estáticas, sua homepage e as principais páginas que quiser indexar. Mas não pare por aí.
Crie na sequência o que eu chamo de Sitemap Dinâmico, que na verdade é algo bem simples mas que muitos webmasters se esquecem. Na sua página inicial (e preferencialmente no rodapé), coloque um link para uma página do seu site que será o seu Sitemap Dinâmico. Nessa página, faça um algoritmo para listar todos os links que você deseja incluir no índice do Google, possivelmente consultando seu banco de dados e cruzando as possibilidades de termos de busca que podem ser pesquisados no seu buscador. Isso vai gerar uma infinidade de páginas pro Google e, se você pegar informações do banco, estará sempre atualizado.
Isso pode soar confuso, mas veja como eu fiz no Busca Acelerada, acessando o sitemap dinâmico dele. Eu listo muitas URLs estáticas que quero que sejam indexadas, para então indexar os estados brasileiros. Clicando em um estado, listo as cidades daquele estado. Clicando em uma cidade, listo as marcas de carro à venda naquela cidade. Clicando em uma marca de carro, listo os modelos daquela marca à venda naquela cidade e assim por diante, até por fim montar consultas completas (e algumas vezes complexas) para todas as possibilidades que um usuário poderia pesquisar (e que eu quero que o Google indexe) em meu site, criando um grande, massivo, impressionante e muito eficiente sitemap dinâmico.
Ah, não esqueça de criar um arquivo robots.txt na raiz do seu site também, permitindo os bots dos grandes buscadores acessarem o seu site. Só pra garantir né.
Bônus: Redes Sociais
Coloco este bônus porque é bem simples de ser implementado e se você tem intenção (alguém não tem?) de ter seus links compartilhados nas redes sociais para lhe trazer mais visitas, ele é de grande valia.
Em todas as suas páginas certifique-se de colocar as tags OpenGraph do Facebook, para garantir que seu conteúdo será compartilhado com a melhor qualidade possível. O padrão completo pode ser encontrado no site Ogp.me, mas basicamente o exemplo abaixo ilustra como garantir qual imagem, título e URL será compartilhado caso alguém dê um Share na sua página ou cole seu link em alguma postagem.
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<html prefix="og: http://ogp.me/ns#"> <head> <title>The Rock (1996)</title> <meta property="og:title" content="The Rock" /> <meta property="og:type" content="video.movie" /> <meta property="og:url" content="http://www.imdb.com/title/tt0117500/" /> <meta property="og:image" content="http://ia.media-imdb.com/images/rock.jpg" /> ... </head> ... </html> |
Isso gera postagens mais bonitas e com mais chances de serem curtidas e re-compartilhadas por outras pessoas.
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