Atualizado em 03/06/2018!
Conheço o mundo das startups já há muito tempo, mas foi em 2010 que decidi empreender pela primeira vez, com o Busca Acelerada, de maneira completamente amadora e apenas com as noções tradicionais de desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos. Após o fracasso inicial, decidi que queria empreender novamente mas que desta vez faria do “jeito certo”, então fui atrás de informação, o que me levou ao mundo do empreendedorismo inovador, no melhor estilo Vale do Silício. Fiz um curso e li livros como Startup Enxuta, Business Model Generation e muitos outros que já citei em posts aqui no blog. Um dos principais elementos que aprendi e que recomendo a todo mundo é a criação de um MVP para validar sua ideia.
Mas o que é um MVP?
MVP é a sigla para Minimum Viable Product ou Produto Mínimo Viável. Essencialmente é a menor parte do seu produto ou proposta de produto que você pode construir no momento para verificar se a sua ideia tem futuro. O mínimo cuja venda seja viável, pois sua proposta somente estará validada quando pessoas pagarem por ela.
Se é a primeira vez que conhece o termo, já deve ter entendido que não é algo muito claro, certo? Neste outro artigo eu detalho bem mais este conceito e por isso resolvi escrever este aqui também, para dar a minha visão sobre como criar um MVP na prática baseado nas minhas experiências pessoais com a dinâmica.
MVP de software
Como a maioria das startups que conheço são relacionadas à software, vou começar falando de como eu criei e de como eu sugiro que você crie seu MVP de software para que obtenha os resultados desejados. Além disso, vou dar outros exemplos que conheço de MVPs de software bem sucedidos.
Primeiro, um MVP de software não é, de maneira alguma, o seu software pronto. Se você tem o seu software completo, do jeito que você gostaria que ele fosse, e está querendo começar a vender ele agora, você “pulou” e etapa do MVP e lhe desejo boa sorte, pois vai precisar.
Você pode desenvolver software como seu MVP, em muitos casos é o que fazem as startups, desenvolvem algum software para começar. Quando comecei o Busca Acelerada pela segunda vez, em 2012, eu fiz o MVP dele em 2 semanas, nas horas vagas depois do serviço. Eu queria um buscador de veículos que trouxesse as melhores ofertas dos maiores sites do segmento, do Brasil inteiro. Como era algo grande demais, decidi me focar na cidade onde moro: Gravataí. Queria que, neste primeiro momento, eu pudesse encontrar qualquer veículo à venda de Gravataí, que já estivesse na Internet, em meu site. Focando em Gravataí eu consegui construir um software pequeno e que funcionava, sem me preocupar com escala, investimento, funcionários, etc. Mas com esse software pequeno, comecei a tracionar meu tráfego e receber muito feedback positivo das pessoas, o que me motivou a seguir adiante. Se tivesse dado errado, eu teria perdido 14 dias de trabalho, o que é pouquíssimo comparado a quantos meses demora construir um software comercial “pronto”.
O que se recomenda é que, se você for desenvolver uma parte do seu software como MVP, que você escolha a parte que mais faz sentido, aquela pela qual as pessoas pagariam por ele. Como desenvolvedores tendemos a crer que todas features que colocamos em um software serão um sucesso, mas estamos errados, Em média, apenas 10% dos recursos serão utilizados por 90% dos usuários, e é por esses 10% que eles pagarão, se seu software for bom. Jason Fried, autor do Getting Real e cabeça por trás do Basecamp, cita que você deve fazer meio-produto, mas não um produto meia-boca. Construa uma feature, a principal, muito bem, e você terá mais chances de conseguir alguém interessado no seu software.
E uma dica pessoal minha, que já expus outras vezes aqui no blog na categoria lifestyle business é: terceirize. Use o Freelancer.com, o Fiverr.com e outros serviços online que custam muito barato, são rápidos e permitem que você tenha o seu MVP em uma fração do tempo e dinheiro para fazer aquela validação da ideia que você tanto quer. Eu mesmo tenho adotado esta técnica em meus últimos empreendimentos com graus de sucesso variados, conforme vou destacar logo adiante.
E então, qual é a principal funcionalidade do seu software, aquela que de fato vai convencer seus usuários a pagar por ele?
MVP de livro
Empreender com ebooks tem sido a minha paixão nestes últimos 5 meses e muito do que aprendi sobre empreender com negócios digitais se aplica na carreira como autor. A questão aqui é: como aplicar o conceito de MVP à criação de livros? Afinal, como saber se meus leitores vão gostar do meu livro antes de ter ele completo escrito?
A parte boa é que tem sim como!
Assim como os artistas musicais têm descoberto nos últimos anos, você não precisa ter um álbum completo para começar a divulgar seu trabalho, atrair fãs e impulsionar as vendas de shows e discos quando o mesmo for lançado. O segredo é lançar os singles, aquelas músicas “soltas” que não dependem de um álbum para se tornarem hits e caírem no gosto do pessoal. No ramo literário, pode ser o lançamento de um capítulo do seu livro, ou uma versão reduzida dele.
O próprio fato de lançar primeiro um ebook ao invés de um livro impresso já é um grande avanço em termos de custos e foi exatamente o que fiz com meu Guia Completo de Pokemon Go. Eu e meu amigo Daniel Salengue escrevemos rapidamente um guia curto e objetivo com as melhores dicas sobre o jogo para aproveitar o boom que ele estava tendo em julho de 2016 e lançamos na plataforma da Amazon, como detalho neste post. Algo em torno de 30 páginas em um Google Doc em algumas noites, que se transformaram em 60 páginas de Kindle e menos de um mês depois, após o sucesso do ebook, em um livro físico de 98 páginas que está terminando de vender sua segunda tiragem nas bancas de todo país.
Conheço histórias de autores que fizeram menos que isso, como Tim Ferriss em seu mais recente livro Tools of Titans, que nada mais é do que um compilado das suas melhores entrevistas com atletas e famosos de todos os tipos nos últimos anos. Ou seja, nos últimos anos ele foi “escrevendo” seu livro durante as entrevistas que fazia, vendo quais chamaram mais atenção e quais ajudariam a vender mais o seu futuro livro, que foi lançado recentemente. Se no meio do caminho ele visse que as pessoas não tinham interesse nesse tipo de conteúdo, não teria lançado o livro. Como ele notou exatamente o oposto, que seu podcast nunca foi tão popular desde que aderiu ao formato de entrevista com famosos, ele investiu pesado no lançamento que, ao que tudo indica, está sendo um sucesso.
Se você tem um blog, pode assumir estratégias como a do Tim Ferriss, escrevendo posts e vendo o que teria maior aderência para se tornar um ebook/livro. Isso é muito fácil de fazer usando ferramentas de análise de tráfego como Google Analytics. Caso contrário, escrever um primeiro capítulo e colocar de graça nas redes sociais já é o bastante para ver se as pessoas se interessam também.
Mas não esqueça, esse capítulo deve ser o seu produto mínimo viável, deve ser bom o suficiente para que o leitor se sinta instigado a pedir “mais”.
MVP de curso
Muitos empreendimentos digitais tem surgido nos últimos anos baseados em cursos, geralmente mais associados à lifestyle businesses do que startups, mas isso não importa. A questão aqui é que erroneamente empreendedores acreditam que precisam ter seu curso completo para que possam atrair clientes e ver se o mesmo vai dar certo.
Saliento que essa é a pior maneira, uma vez que é a mais arriscada.
Primeiro, você jamais deve criar um curso antes de ter certeza que há demanda para ele. E falo de demanda real. Sou professor há 6 anos e durante todo este tempo apliquei a seguinte regra aos meus cursos: só crio seu conteúdo se já estiver com o número mínimo de pagantes confirmado (de 5 a 10 pessoas, dependendo do curso). Obviamente isso não se aplica às disciplinas que leciono em faculdades, onde sou pago independente do volume de alunos na turma.
Como fazer isso? Simples, com uma lista de interessados. O MVP de um curso é a carta de vendas dele, usando o jargão que Jeff Walker usa para explicar lançamento de produtos. Uma documento (impresso ou virtual) onde você tem o título do curso, a estrutura do mesmo (carga horária, módulos, etc), quem lecionará (você), o preço e uma forma de contato, que online geralmente é um formulário de cadastro, mas que impresso pode ser um email ou telefone.
Caso ainda não tenha o seu preço bem definido, chute alto e coloque uma observação de que fornece desconto para grupos de estudantes que se matriculem juntos ou outras condições que julgar conveniente. Daí negocie individualmente cada caso conforme entrem em contato com você.
Essa é exatamente a estratégia que usei em todos os cursos de desenvolvimento que já ministrei, sendo que apenas na segunda vez que ministro o mesmo curso é que já tenho o mesmo pronto. Na primeira vez, sempre vendo antes de criá-lo e o meu Curso de Node.js não foi exceção.
Obviamente se você já tem um “nome” fica muito mais fácil de vender seu curso dessa forma, mas se você não tem, sugiro dar uma olhada em meu ebook sobre Marketing Pessoal.
Outros empreendedores falam de criar aulas em vídeo gratuitas, para mostrar como é sua didática, explicar o curso, etc. que ajuda muito a vender. Não tenho dúvidas disso, mas sugiro testar a minha técnica primeiro, que é muito mais rápida e comprovadamente eficiente. Ao menos comprovada por mim, hehehe.
E você, quais experiências (boas e ruins) você já teve com a criação de MVPs? Já caiu em alguma destas armadilhas?
No módulo 2 do meu curso de Scrum e Métodos Ágeis (abaixo) você aprende tudo que precisa saber sobre Lean Startup, MVP e modelagem de negócios inovadores!
Olá, tudo bem?
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